quinta-feira, junho 29, 2006

Meninas nascidas de mães que sofreram estresse na gravidez podem ter maior risco de desenvolver fibromialgia



Eu li esse artigo na semana passada e achei interessantíssimo. Tanta coisa pra gente descobrir ainda...

Lembrei que a minha mãe estava grávida durante o golpe da ditadura militar (março de 1964). Meu pai, apesar de não ter envolvimento "oficial", tinha idéias bastante revolucionárias pra época e ela sempre me disse que o golpe (em março, quando ela estava com 4 meses de gravidez) foi um período de extremo estresse para ela, que teve que queimar livros e ajudar meu pai a não se comprometer, num momento em que muita gente estava desaparecendo nos porões da ditadura. Ela sempre me contou que fez uma fogueira, com ajuda do meu avô, pra queimar os livros do meu pai. Você podem imaginar o nível de tensão, num momento desses...

Então, o artigo que está no site da Universidade de Pittsburgh, diz que grande estresse ou traumas, durante a gravidez, podem ter um efeito de longo prazo no feto. Um estudo, apresentado, há poucos dias, pelo Dr. Dirk Hellhammer, Ph.D., professor de Psicobiologia da Universidade de Trier (Alemanha), no 6o. Congresso Internacional de Neuroendocrinologia (ICN 2006), indica que, o estresse e traumas na gestação podem ser responsáveis pelo desenvolvimento da fibromialgia, nas meninas, muitos anos depois.

Segundo Dr. Hellhammer, ainda que se saiba pouco sobre fibromialgia, as pesquisas indicam que uma "programação pré-natal" pode ter um papel importante. Estresse durante a gravidez pode afetar o desenvolvimento da glândula adrenal do feto, limitando, permanentemente, sua capacidade de produzir quantidades adequadas do hormônio cortisol.

No estudo feito com grupos de controle, um numero significante de pacientes diagnosticad@s com fibromialgia informaram que suas mães sofreram profundo estresse durante a gestação.

Entre essas, apenas as mulheres tiveram diminuição na resposta do cortisol em uma medida padrão de estresse psicológico, uma observação que respalda resultados de estudos já feito com animais. O baixo nível de cortisol foi encontrado apenas em pacientes com histórico de estresse pré-natal.

Ainda que mais estudos precisem ser feitos, os resultados reunidos, até agora, proporcionam evidências de que as meninas podem ter um risco adicional de desenvolver fibromialgia se, ainda no útero, forem expostas a maiores níveis de cortisol que o normal, produzidos por suas mães em resposta ao estresse.

Mais um motivo para a sociedade e as famílias apoiarem, ainda mais, as mulheres durante a gestação.


University of Pittsburgh Medical Center

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